Laura Gheller, iG
“A morte do publicitário Ricardo Prudente de Aquino, alvejado por policiais militares após uma perseguição na última quarta-feira, foi mais um dos casos registrados pela Polícia Militar de São Paulo de "resistência seguida de morte", que deram um salto desde meados de junho - época da eclosão de uma onda de violência no Estado. Segundo dados da própria corporação, a média de pessoas mortas pela PM em julho ficou acima da anotada até agora no ano. Até 18 de junho, eram 230 casos - uma média de 1,35 por dia; em julho, foram 49 mortes, elevando a média para 2,45 casos diários.
Somente entre a noite do dia 12 e a madrugada do dia 13 foram oito pessoas mortas pela PM, todas em casos classificados como "resistência seguida de morte". De acordo com Guaracy Mingardi, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-diretor da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), o Estado está falhando ao se comunicar com a polícia.
"O comando da Segurança Pública de São Paulo está transmitindo as mensagens erradas para a polícia. Ao aceitar determinadas posições, ao nomear determinadas pessoas para a Rota e outras unidades do tipo, o comando transmite uma mensagem errada, mesmo que não queira", disse ele, referindo-se à nomeação do tenente-coronel Salvador Modesto Madia - réu no processo do Carandiru - como comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). "É como se passar do limite não tivesse importância. Polícia a gente pisa no freio. Qualquer governo responsável pisa no freio da polícia, pois ela tem a tendência sempre de extrapolar", afirmou.
Para Mingardi, as mortes de PMs por parte de bandidos, que desencadearam a onda de violência em junho, contribuiu para o aumento do número de casos de pessoas mortas pela polícia. Segundo o pesquisador, o Estado tem demorado para dar uma resposta na resolução dos assassinatos de policiais, o que pressionaria os profissionais a buscar uma "vingança simbólica".
Foto: Mauricio Camargo/Futura Press
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